Lucas Dias
27/07/2018
Garça 

Incerteza política internacional e doméstica renova riscos à continuidade da melhora econômica no Brasil

O FMI divulgou uma atualização de seu cenário macroeconômico para a economia mundial em 2018 e 2019. As projeções para o crescimento do PIB mundial sinalizam uma expansão de 3,9% em 2018 e em 2019.

O FMI divulgou uma atualização de seu cenário macroeconômico para a economia mundial em 2018 e 2019. As projeções para o crescimento do PIB mundial sinalizam uma expansão de 3,9% em 2018 e em 2019.

Contudo, além de constatar uma menor sincronização do crescimento dentre blocos/países, o Fundo destacou que o balanço de riscos para esse cenário relativamente benigno parece ter piorado consideravelmente.

O principal fator por detrás disso é a escalada da guerra comercial deflagrada pelo governo Trump, que não deu sinais de trégua nas últimas semanas. Mas há outros riscos, como questões geopolíticas (mais uma vez envolvendo os EUA, de um lado, e alguns players importantes, como a Rússia e países do Oriente Médio, do outro) e mesmo a possibilidade de novos choques financeiros adversos sobre os emergentes.

Nesse contexto, a despeito de os indicadores correntes apontarem para uma posição cíclica robusta da economia global, os temores crescentes quanto aos impactos da guerra comercial já vêm afetando negativamente as expectativas das empresas acerca do cenário prospectivo.

No Brasil, as surpresas favoráveis no campo da inflação, com relativa estabilidade nas projeções feitas pelo mercado do IPCA para o biênio 18-19 na casa dos 4%, estão sendo acompanhadas por dados nem sempre muito animadores no campo da atividade econômica.

A taxa de desemprego continua alta, no patamar de 13% - IBGE PNAD, e os setores intensivos em mão de obra seguem com performance bastante tímida, seja na cadeia de serviços seja na indústria, este último com o nível de utilização de capacidade instalada ainda no patamar de 75% - FGV.

Diante disso, as projeções para a alta do PIB em 2018 nas últimas semanas refluíram: a projeção mediana (Focus/Bacen) passou a 1,5% em 2018 e 2,5% para 2019. Esse quadro mantém o Banco Central confortável para prosseguir na manutenção da Selic. A questão maior passa a ser quando começará o ciclo de elevação da Selic - o que depende em boa medida da velocidade com que a ociosidade da economia irá se estreitar bem como também do cenário político.

A indefinição no front político do candidato que ocupará a presidência do país e do compromisso deste com a agenda de reformas estruturais que o pais tanto demanda, vem aumentando a assimetria e incerteza sobre o futuro da agenda econômica do pais e, por consequência, a reativação da atividade econômica. Por ora, ao que tudo indica, assim o será até o final de outubro. (Por Carlos Joaquim – Mestre em Economia pela PUC-SP)


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