Lucas Dias
14/02/2019
Garça 

CROSS X Vagas em UTI: vereador não tem gestão sobre fila de espera

Vagas em Unidade de Terapia Intensiva têm sido, ao longo dos anos, pauta no plano de governo de muitos administradores, nas diferentes esferas (municipal, estadual e federal).

Vagas em Unidade de Terapia Intensiva têm sido, ao longo dos anos, pauta no plano de governo de muitos administradores, nas diferentes esferas (municipal, estadual e federal). Entre o desejo da população e a real implantação das vagas existe um caminho que parece, sempre, intransponível. Em nível municipal, a população, diante da impotência, procura os vereadores para que possam, de certa forma, interferir no processo e conseguir uma vaga na UTI. No entanto, nenhum vereador tem gestão sobre uma fila de espera que se forma, para aqueles que precisam do atendimento. As vagas são geridas pela CROSS (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde – criada pela Secretaria da Saúde com o objetivo de congregar as ações voltadas para a regulação do acesso na área hospitalar e ambulatorial).

Os vereadores Patrícia Morato Marangão (PMDB), Fábio Polisinani (PSD) e Paulo André Faneco (PPS) endereçaram um requerimento à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo apontando alguns questionamentos e querendo respostas.

Matéria publicada pelo Jornal da Cidade de Marília, na qual o vereador Wagner Luiz Ferreira (PSDB) cita ter conseguido internar 15 garcenses em leitos de UTI no último ano foi o alvo dos questionamentos.

“Oficie-se à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, para que preste as seguintes informações: Como um vereador consegue internar pessoas em leitos da UTI? O mesmo burlou o sistema do CROSS? Isso é possível? Há legalidade nessa atitude? O referido vereador tem tido privilégios em relação aos demais edis? Os princípios da administração pública (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência) têm sido cumpridos?”, foram os questionamentos feitos.

“Este é um assunto muito delicado. Sempre se fala da CROSS. Eu estive falando com o Rogério da AHBB, e abordamos a questão. Tem situações que é solicitado vaga zero, mas não há nenhum tipo de interferência”, disse o vereador Pedro Santos (PSD) relatando situações em que foi procurado por munícipes e se viu de mãos atadas – casos vividos inclusive em sua própria família-.

O vereador não descartou as tentativas de contatos com amigos, conhecidos, políticos, médicos e uma rede de conhecimento, no sentido de se conseguir a vaga desejada. Uma maratona que envolve tensão, tristeza, muitas ligações telefônicas e, muitos nãos. Em vários casos o não é a resposta recebida e, em tantos outros, o sim chega tarde demais.

“Eu Pedro não posso fazer nada. Eu não tenho esse poder. Eu Pedro não tenho condições de fazer nada. Já houve caso de ligar e por pressão popular acontecer. O que posso fazer é ficar com a família e dar o apoio moral. Já teve vez da família vir agradecer, mas eu falei a verdade. Eu não consigo nada. Eu não consigo alterar a vaga do CROSS”, frisou ele.

A vereadora Patrícia endossou as palavras de Pedro Santos e lembrou que os vereadores são muito procurados nestes casos, mas não há como burlar o sistema.

“O vereador fala que conseguiu 15 leitos. Fica o pedido para que levem mais a sério. Se um sistema existe, que a gente tenha um pouco mais de cautela ao se pronunciar”, falou Patrícia.

“Eu vi a notícia falando das suas conquistas, mas o que quero dizer que uma notícia equivocada complica os vereadores da Casa. Nem a secretária da Saúde tem o poder de exigir a vaga. A informação quando não é correta atrapalha os parlamentares da Casa”, finalizou Antônio Franco dos Santos Bacana (PSB).


Comentários

Nota Importante: O Portal Garça Online abre espaço para comentários em suas matérias, mas estes comentários são de inteira responsabilidade de quem os emite, e não expressam sob nenhuma circunstância a posição/opinião oficial do Portal ou qualquer de seus responsáveis em relação aos respectivos temas abordados.