Fábio Dias
22/03/2024
Garça 

Centro de Umbanda reivindica autorização para celebração religiosa no Cemitério de Garça no período noturno


 O centro solicita permissão para celebração religiosa fora do horário de expediente do cemitério


Um centro espírita em terreiro de umbanda de Garça, conhecido como Terreiro de Umbanda Filhos de Oxalá e Caboclo Tupinambá, levantou questões sobre liberdade religiosa e acesso a locais públicos para manifestações religiosas. O centro trouxe a dificuldade em acessar o cemitério da cidade para a realização de seus rituais.  A urgência se concentra na solicitação de acesso e autorização para uma celebração na Sexta-Feira Santa, dia 29, fora do horário de expediente do Cemitério. Os pedidos envolvem a permissão para acesso noturno ao espaço do Cruzeiro, prática que alegam já ser adotada em outras cidades. 

Ao ser contatado pelo portal Garça em Foco, o secretário de administração de serviços públicos, Paulo Justo, declarou não ter recebido nenhum ofício físico ou digital relacionado ao pedido. 

Após a equipe de reportagem fornecer o protocolo digital da solicitação, Justo confirmou que estava finalizado sem resposta, mas com o destino preenchido para outro setor. Ele assegurou que analisaria a solicitação encontrada junto ao departamento jurídico da Prefeitura e enviaria uma resposta aos interessados. Paulo Justo se colocou à disposição para resolver o impasse da melhor maneira possível dentro das legalidades, assim como pedem os solicitantes. 

Diego Contim Teruel Afonso, o principal orientador espiritual do centro, enfatizou que as celebrações seriam realizadas junto ao Cruzeiro localizado dentro do cemitério, sem prejudicar as instalações ou costumes locais. Ele destacou a importância desse acesso para a prática religiosa, explicando que o Cruzeiro é o local adequado para seus rituais e busca de energia espiritual. A cidade tem dois Cruzeiros, sendo um dentro e um fora do cemitério. 

“O Cruzeiro de fora fica na frente do velório e em respeito à dor do outro não seria adequado. Nossos rituais e busca de energia são lá dentro.”, disse Diego à equipe de reportagem de outro portal de notícias. 

Além das medidas junto às autoridades, uma mobilização nas redes sociais incluiu um abaixo-assinado e previu medidas com representações oficiais por intolerância religiosa, visando pressionar pela liberação do acesso ao cemitério. Diego mencionou exemplos de outras cidades onde o acesso para manifestações religiosas é permitido e ocorre sem incidentes, destacando a viabilidade dessa prática. 

O caso ganhou repercussão em vários meios de comunicação e, segundo divulgado, o Centro de Umbanda levou à Justiça e Polícia da cidade denúncias de intolerância e dificuldade em acesso ao cemitério para manifestações religiosas. Os pedidos envolvem autorização para acesso noturno ao espaço do Cruzeiro, o que já acontece em outras cidades, inclusive Marília.

A denúncia do Centro Espírita de Umbanda Filhos de Oxalá e Caboclo Tupinambá chegou também à Ouvidoria do Estado e à Defensoria Pública de São Paulo.

Principal orientador espiritual na instituição, o cabelereiro Diego Contim Teruel Afonso disse que protocolou na prefeitura um pedido parta acesso, mas a solicitação foi encerrada sem respostas.

Para o portal Giro Marilia, a Prefeitura de Garça disse que o protocolo não foi encontrado e orientou Diego a tentar de novo. Ele tenta na Justiça.

Em torno de 50 pessoas participam das celebrações, que não envolvem nenhuma atividade junto a sepulturas, capelas ou espaços particulares.

O mandado de segurança em relação à Semana Santa tramita na segunda vara judicial de Garça e espera decisão próxima.

Diego diz que outras cidades, como Marília, autorizam o acesso e que o sistema tem funcionado sem incidentes.

“Não é uma luta individual, não é minha ou só do centro. É coletiva, de liberdade religiosa para todos, de respeito à diversidade. Para tudo tem barreira, do acesso ao uso de guias e roupas brancas no trabalho."

A Prefeitura de Marília informou que o sistema funciona com ofícios para informe dos acessos e foi definido após encontro com representantes das casas e terreiros de umbanda. Diz ainda que os vigias são avisados do acesso e os cultos acontecem sem incidentes ou marginalização dos envolvidos, inclusive nos distritos.


Redes sociais

Nas redes sociais a manifestação foi grande e todas favoráveis a solicitação.

“Tomara que consiga.. é impensável, que, nos tempos atuais, ainda temos tanto preconceito e intolerância religiosa...Deus é único e tem vários nomes...vamos respeitar e liberar...boa sorte na jornada e que consigam a liberação.”, postou Suzana Artigas Giorgi.

“Não seria o caso então de mudar o cruzeiro de lugar? Bom não sei se resolve mas talvez mudando tirando de dentro e colocando pra fora em outro lugar próximo talvez com todo respeito resolveria , assim não precisaria de autorização pra entrar e nem sair , muda pra um lugar próximo”, sugeriu Kaun Brsd ao que Gabriela Manflin explicou que, “já tem um cruzeiro na parte de fora, porém fazer do lado de dentro no mundo espiritual tem fundamentos, é uma energia que eles buscam diferente de fazer do lado de fora. O problema é que não estamos pedindo para entrar todos os dias, todas as noites, 24h por dia, são alguns trabalhos específicos na parte da noite, como a reportagem cita pode até ser com acompanhamento de algum responsável, porém nem essa permissão nós temos, e isso que estamos buscando!”, disse ela.

“Proíbem a prática religiosa porque alegam risco, mas  não vigiam os túmulos que constantemente são vandalizados e furtados”, postou Lu Balles.


Comentários

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