
Delfim Netto: o Brasil se despede de um grande brasileiro
Alfredo Cotait Neto
A Rede de Associações Comerciais lamenta profundamente a morte de Delfim Netto, que faleceu na madrugada desta segunda-feira (12), aos 96 anos.
Economista responsável pelo milagre econômico brasileiro, Delfim sempre teve fortes relações com o sistema associativista e com a classe empreendedora. Foi assessor e economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e fez parte do Instituto de Economia Gastão Vidigal.
Estudante de escola pública, filho de uma costureira e de um funcionário público, Delfim Netto se tornou um dos economistas mais importantes da nossa história. Sua tese sobre o café segue sendo um marco nos estudos de economia.
Um homem que entendia a arte do diálogo. Um dos poucos a transitar entre grupos de visões antagônicas. Era político quando necessário e acadêmico quando preciso. Características que o fez ser de ministro, a embaixador do Brasil na França, passando por professor da USP e deputado federal constituinte.
Estava sempre pronto para debater, de forma qualificada, o Brasil e o desenvolvimento nacional.
Questionador, intelectual, contraditório, polêmico, com um senso de humor único e um professor por natureza. Delfim também se destacou por ser um grande contador de casos.
O Brasil se despede de um grande brasileiro.
(Alfredo Cotait Neto: Presidente da CACB e da Facesp)
Economista deixa filha e neto. Ele morreu em São Paulo
Desde o último dia 5 o economista e ex-ministro Antônio Delfim Netto estava internado por complicações de saúde, no Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.
Em nota, a assessoria do economista informou que não haveria velório aberto e seu enterro será restrito à família. Delfim Netto deixa filha e neto.
Descendente de imigrante italianos, ele nasceu em São Paulo, em maio de 1928. Formou-se economista em 1951 pela Universidade de São Paulo (USP) e tornou-se catedrático em 1958. Fez carreira acadêmica como professor titular de Análise Macroeconômica e recebeu o título de professor emérito pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (Fea-USP).
Foi membro do Conselho Consultivo de Planejamento (Consplan) do governo Castelo Branco, em 1965. Tornou-se secretário de Fazenda no governo de São Paulo em 1966.
Foi um dos signatários do Ato Institucional número 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968. O decreto é considerado o mais duro após o golpe militar de 1964, e foi instituído durante o governo Costa e Silva, para suspender direitos e garantias individuais.
Delfim Netto chegou a ministro da Fazenda em 1967, ainda no governo Costa e Silva, e ocupou o cargo até o governo Médici, encerrado em 1974.
Nos quatro anos seguintes, foi embaixador do Brasil na França e, em 1979, passou a integrar Conselho Monetário Nacional e comandou o Banco Central no governo Figueiredo.
Delfim foi deputado federal na Constituinte de 1987 a 1991 pelo Partido Democrático Social, sucessor da Arena. Posteriormente, elegeu-se cinco vezes deputado federal pelo estado de São Paulo e permaneceu representante na Câmara até 2007.
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