
O perde e ganha das eleições municipais
Consultoria política Arko Advice analisa, na Fiesp, pleito deste ano e o que o resultado projeta para a sucessão presidencial e o próximo Congresso
As legendas de centro, centro-direita e direita foram os grandes vencedores das eleições municipais de 2024. Os seis partidos que mais conquistaram prefeituras comandarão 72% das cidades de todo o país. São eles: Partido Social Democrático (PSD), Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Progressistas (PP), União Brasil, Partido Liberal (PL) e Republicanos.
O Partido dos Trabalhadores (PT) conseguiu uma leve recuperação após anos de quedas sucessivas. Em 2012, o PT conquistou 650 prefeituras. Mas esse número caiu após o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e atingiu 174 prefeituras em 2020. Neste ano, o PT voltou a crescer e elegeu 251 prefeitos. Mesmo assim, foi o nono colocado no ranking, liderado pelo PSD (887 prefeituras) e MDB (856 prefeituras).
A análise foi feita por Cristiano Noronha, vice-presidente da Arko Advice, em reunião conjunta do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) e do Conselho Superior de Estudos Nacionais e Política (Cosenp) da Fiesp, na segunda-feira (4/11). O encontro foi comandado por Jacyr Costa, presidente do Cosag, e Andrea Matarazzo, vice-presidente do Cosenp.
A reunião foi aberta pelo presidente do Ciesp, Rafael Cervone, que destacou a relevância do tema.
“O Brasil carece de planos de longo prazo, temos que deixar de pensar pequeno e pensar num projeto de Estado, que vai além de governos, que tenha previsibilidade e nos dê segurança política”, afirmou.
O mapa partidário apresentado por Noronha mostra que o MDB lidera dentre os partidos que governarão para mais eleitores (27,9 milhões). Na segunda colocação, aparece o PSD (27,7 milhões). O PT, que tem a Presidência da República, está na sétima colocação (7,6 milhões de eleitores).
“A fragmentação partidária se manteve alta. Vinte e quatro partidos elegeram prefeitos em pelo menos uma das 5.570 cidades do país. Isso mostra a quão diversa e pulverizada é a política local no Brasil”, ressaltou Noronha.
O voto em legenda, que é dado diretamente aos partidos políticos, ou seja, o eleitor não escolhe um candidato específico, caiu. Isso se deve, entre outros fatores, à desconexão entre partidos e sociedade, de acordo com Noronha. O PT e o PL, com líderes populares, foram os únicos que cresceram em votos de legenda.
Nas eleições de 2020, o PT obteve 566.319 votos e, em 2024, 615.222 votos, crescimento de 8,6%. O PL em 2020 teve 260.107votos e, em 2024, 606.849 votos, crescimento de 133,3%.
“Lula e Bolsonaro são lideranças pessoais muito fortes. Isso ressalta o caráter altamente personalista da política brasileira e um caráter menos partidário”, assegurou Noronha.
No desempenho por correntes ideológicas, a direita avança e a esquerda cai. Os partidos de esquerda tiveram este ano o pior desempenho nos maiores colégios eleitorais do país desde 2020. PT, PSB e PDT vão governar juntos, apenas 9,7% dos municípios, as chamadas G103, grupo que reúne as 103 cidades com mais de 200 mil eleitores.
“O desafio da esquerda, principalmente o PT de Lula, é o da renovação dos quadros políticos. Já o PL de Bolsonaro precisa diminuir a rejeição”, disse Noronha.
Eleições para o Congresso e sucessão
Concluindo, Cristiano Noronha, afirmou que eleição municipal é diferente de eleição para presidente, mas apontam tendências importantes: centro forte, esquerda com dificuldades e direita dividida.
Segundo ele, a Arko Advice faz uma projeção de um Congresso Nacional de centro e direita em 2027 e menos pulverizado.
“Na minha opinião”, finalizou Noronha, “Lula é favorito nas eleições presidenciais de 2026, mas não terá eleição fácil. Tarcísio de Freitas (governador de São Paulo) saiu mais forte da eleição na cidade de São Paulo e é principal alternativa a Bolsonaro (que está inelegível)”.
Após a reunião, membros dos conselhos também analisaram as eleições.
Germano Rigotto, ex-governador do Rio Grande do Sul e conselheiro do Cosenp, não concorda que toda a esquerda saiu derrotada das eleições municipais 2024.
Segundo ele, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) saiu vitorioso porque renova líderes. Citou como exemplos João Campos (prefeito reeleito do Recife) e Tabata Amaral (candidata à prefeitura da cidade de São Paulo).
“São duas lideranças emergentes de um partido que está se renovando e se oxigenando”, ressaltou Rigotto.
Para Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e conselheiro do Cosag, o Brasil vive um deserto de lideranças e as eleições municipais deste ano serviram para destacar alguns pontos extremamente importantes.
“Não podemos desconsiderar alguns fatos sólidos: o grande número de abstenção e os votos nulos. O eleitor quer um governo melhor e eficiente. Esse foi o recado das urnas”, opinou Hartung. (Por Fiesp - Lúcia Rodrigues - Foto: Ayrton Vignola/Fiesp)
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