Fábio Dias
11/11/2024
Garça 

Recuperação da pujança industrial passa pelas micro, pequenas e médias empresas, afirma presidente da Fiesp

Josué Gomes da Silva participou da abertura do 16º Congresso da Micro, Pequena e Média Indústria

Para que o Brasil seja competitivo, é fundamental trabalhar pelo fortalecimento das micro, pequenas e médias empresas industriais. Esta constatação resume o pensamento do presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, que participou da abertura do 16º Congresso da Micro, Pequena e Média Indústria, realizado na quarta-feira (6/11), com transmissão no canal da Fiesp no YouTube.

“O Brasil nunca será competitivo na sua indústria se [essas empresas] não forem competitivas. Daí é que vem a força do tecido industrial brasileiro e de onde virá a recuperação da pujança da indústria de transformação brasileira”, disse na abertura do evento, que teve vários painéis.

Uma das formas de apoiá-las, segundo ele, é por meio da Jornada de Transformação Digital. Em parceria com Senai-SP e Sebrae-SP, o programa, gratuito, é voltado a indústrias com faturamento de até R$ 8 milhões por ano e tem como objetivo aumentar a competitividade e a produtividade de micro, pequenas e médias empresas.

“Já alcançamos cerca de 20 mil indústrias em diversas etapas da Jornada. Em algumas empresas, a produtividade aumentou em até 40%, e o custo de energia caiu em 20%, por exemplo. São resultados muito expressivos”, afirmou.

Cenário macroeconômico – O presidente do Ciesp, Rafael Cervone, lembrou que a indústria de transformação desempenha papel chave para o desenvolvimento do país e que é necessário ter um projeto de Estado, não apenas de governo, que ofereça segurança jurídica para a atração de investimentos internos e externos.

“Crescemos apenas em três dos últimos 10 anos, atingindo em 2023 participação de 11% do PIB. Ainda que o prognóstico para 2024 seja positivo, os resultados continuam muito aquém do necessário para levar a indústria de volta ao papel de destaque que o Brasil precisa”, declarou Cervone.

Em relação ao cenário macroeconômico, ele entende que a desindustrialização e a queda no investimento produtivo estão relacionadas ao ambiente hostil, “caracterizado por absurdas taxas de juros, tributação excessiva e peso desproporcional sobre o setor industrial, que contribui com 11% do PIB, mas carrega um terço dos impostos totais nas costas”, desabafou.

Devido a esse cenário, de acordo com Cervone, os investimentos não repõem a depreciação e a produtividade da indústria brasileira é prejudicada, aumentando a distância para as nações desenvolvidas.

 

Melhorar o ambiente de negócios

As micro, pequenas e médias empresas desempenham papel importante na economia, mas encaram desafios enormes. Para o diretor titular do departamento da Micro, Pequena, Média Indústria e Acelera Fiesp, Pierre Ziade, é preciso identificar esses desafios, com o objetivo de melhorar ou contribuir para a melhora da competitividade da indústria.

“Para isso, temos uma agenda voltada ao crédito, para o financiamento, com startups, e uma agenda voltada para capacitação”, comentou Ziade.

Já o presidente do Conselho Superior da Micro, Pequena e Média Indústria da Fiesp, Sylvio Gomide, destacou a importância da Reforma Tributária para a economia, os usos da Inteligência Artificial (IA) e o acesso ao crédito por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“A Reforma Tributária vai melhorar o ambiente de negócios, porque vai descomplicar o dia a dia. E a IA não é coisa para empresa grande, ela pode ser uma ferramenta poderosíssima para as pequenas, porque os dados coletados da forma correta podem ser imediatamente aplicáveis. E tem o novo cartão BNDES, um pleito da Fiesp, que deve ser parabenizado”, afirmou Gomide.


BNDES Crédito Digital

A pandemia mundial mostrou a necessidade de os países redesenharem as políticas industriais. No país, o Nova Indústria Brasil (NIB), plano do governo para impulsionar o setor, tem o BNDES como um importante meio para alcançar seu objetivo.

“Sabemos dos desafios de competitividade da indústria e trabalhamos para desenvolver produtos, soluções e políticas que contribuem para o avanço do setor”, disse o superintendente de operações e canais digitais do BNDES, Marcelo Porteiro.

Recém-lançado, o BNDES Crédito Digital, conhecido como o “novo cartão BNDES”, contou com a cooperação da Fiesp em sua formulação. Com crédito pré-aprovado 100% digital, o novo produto utilizará o aplicativo de bancos parceiros e trata-se de um produto diferente do antigo Cartão BNDES, que continua existindo paralelamente.

Assim, o BNDES Crédito Digital vem para ser uma nova opção de financiamento para as micro, pequenas e médias empresas industriais. “Queremos apoiar o setor industrial, pois acreditamos que ele tem o poder de transformar a economia”, acrescentou Porteiro.

O chefe do departamento de canais de distribuição e parcerias do BNDES, Caio Barbosa Alves de Araújo, explicou que o BNDES Crédito Digital pode ser utilizado para capital de giro, financiamento de máquinas, equipamentos ou qualquer outra necessidade das empresas

“Ele não é focado em necessidades específicas, tem limite pré-aprovado e não há exigência de garantias. Depois que apareceu no aplicativo do banco parceiro, a decisão de contratar ou não é do empresário. Conta com o menor spread do mercado e o recurso cai na conta no mesmo dia”, enfatizou.

Pesquisa inédita da Fiesp revelou que 67,5% das empresas relatam dificuldades no processo de solicitação de crédito, enquanto 73% gostariam de conhecer mais sobre linhas específicas para a aquisição e comercialização de máquinas e equipamentos. Além disso, 59% demonstram interesse em financiar novos produtos, processos e inovações.

Na avaliação do superintendente de departamentos da Fiesp, Renato Corona, existem muitas oportunidades, mas é necessário melhorar os canais de comunicação e dar mais clareza e acessibilidade, a fim de atingir o maior número de empresas. “Crédito é o motor da economia. E as linhas do BNDES e da Finep ainda são mais vantajosas do que o crédito livre”, sintetizou Corona.


NR 12. Financiamento

Entre os vários painéis, um deles tratou de um tema muito importante para a Fiesp e todo o setor industrial: a Norma Regulamentadora (NR) 12. As NRs definem referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para resguardar a saúde e a integridade física dos trabalhadores.

No caso específico da NR 12, a medida abrange todos os setores da indústria que possuem máquinas e equipamentos, novos e usados. Inclui ainda alguns anexos sobre máquinas e setores específicos da indústria.

“Por meio do Programa NR 12, a entidade conseguiu viabilizar o cumprimento da norma, uma vez que o custo do capital para se fazer isso era muito alto”, disse o diretor titular do departamento da Micro, Pequena, Média Indústria e Acelera Fiesp, Pierre Ziade.

Em parceria, Fiesp, Ciesp, Senai-SP e Finep desenvolveram o Programa NR 12, com o objetivo de oferecer suporte na estruturação e financiamento de projetos. Com recursos da Finep, micro, pequenas e médias empresas industriais paulistas podem ter acesso a recursos da Finep para adequar máquinas e equipamentos à legislação vigente.

Além da melhoria de custos, era necessário ter a validação do projeto. “Conseguimos isso com a ajuda do Senai-SP e da Finep. Viabilizamos um produto acessível e chancelado tecnicamente”, completou Ziade.

Composto por cinco etapas, o Programa NR – 12 (Programa NR-12) foi desenvolvido em parceria com a Fiesp, Ciesp, Senai-SP e Finep. “Seu principal objetivo é fazer com que as empresas possam ter suporte para adequação de suas máquinas e equipamentos com obtenção de recursos por meio da Finep”, explicou o supervisor da gerência de infraestrutura e suprimentos do Senai-SP, Wilker Iassia Dias dos Santos.

O Senai-SP é também o principal parceiro de implementação do Programa PotencializEE. Selecionado por um fundo europeu voltado para a mitigação de emissões de gases do efeito estufa, o programa visa apoiar empresas industriais do estado de São Paulo para adotar medidas direcionadas à eficiência energética.

“Da energia consumida, 32% são provenientes da indústria, chegando a 40% no estado de São Paulo. A indústria tem grande potencial de redução de consumo de energia. Esse custo é o principal empecilho para o crescimento e aumento da competitividade”, afirmou o assessor técnico do Programa PotencializEE, Luiz Lubi.


Inovacred  e Induscoop

Empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Finep busca o desenvolvimento do país por meio do fomento a essas áreas. Para isso, existe uma série de instrumentos financeiros reembolsáveis e não-reembolsáveis.

“O produto mais conhecido é o Finep Inovacred, que é o principal veículo de fomento à inovação via crédito do país. São mais de R$ 4 bilhões em projetos apoiados até o momento, somando mais de 1.200 empresas apoiadas”, explicou o gerente do departamento de operações de crédito descentralizadas da Finep, Gustavo Barcelos.

Outra opção para as empresas industriais, com taxa de 4,236% ao ano, a Unicoob disponibiliza uma linha de crédito via Finep. “E há condições especiais para quem é associado à Fiesp, por meio da parceria do Induscoop. É algo que já está dando certo para oferecer fomento à indústria paulista”, finalizou o diretor de mercado da Unicoob, Carlos Alessandro Schlick. (Por Fiesp - Foto: Ayrton Vignola/Fiesp)


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