Fábio Dias
26/07/2016
Garça 

Pai nega à polícia ter matado filho em Reginópolis

Ele fala em "queda" e lança "suspeita"; segundo diretor da Cadeia de Avaí, Carlos Henrique não foi aceito pelos detentos e está em cela isolada

O desempregado Carlos Henrique Mesquita Barbosa, 23 anos, suspeito de espancar e torturar o filho Luiz Gustavo Souza Barbosa, de 4 anos, até a morte, na semana passada, em Reginópolis (70 quilômetros de Bauru), foi ouvido nesta segunda-feira (25) pela Polícia Civil e, informalmente, negou o crime.

Desde o final de semana, ele está preso na Cadeia de Avaí. Segundo a direção da unidade, o jovem não foi aceito pelos detentos e, por segurança, está em cela isolada. Apesar da prisão, a família da vítima ainda busca por respostas.

Barbosa, que estava com a prisão temporária decretada, procurou a Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Bauru no fim da noite de sábado (23) para se entregar, acompanhado de familiares. Ontem à tarde, ele foi ouvido pelo delegado Marcelo Firmino na Cadeia de Avaí e reservou-se ao direito de se manifestar apenas em juízo.

Informalmente, segundo o delegado, o jovem negou o crime e manteve a versão de que o filho passou mal e caiu durante o banho, enquanto ele preparava mamadeira. Depois, chegou a dizer que uma familiar poderia tê-lo agredido. “Ele disse que ela bebe e já tinha batido no filho dele uma vez. Amanhã [hoje], vou ouvir ela também”, conta.

Para justificar a fuga da polícia, Barbosa alegou que estava com medo de ser agredido. Além dos laudos periciais, Firmino conta que os depoimentos de familiares do menino serão fundamentais para ajudar a esclarecer o que ocorreu com ele.

Hostilizado

O diretor da Cadeia de Avaí, José Firmino de Oliveira, conta que Barbosa foi hostilizado e xingado pelos demais detentos quando chegou à unidade. “Os presos não aceitaram ele no convívio e ele teve que ficar em uma cela separada”, revela.

Segundo ele, apesar do clima tenso, a situação está sob controle. “Se eu perceber que ela começa a se complicar, a gente pode representar para a Delegacia Seccional solicitar a transferência dele para a Secretaria de Assuntos Prisionais”, diz.

Avó materna: ‘Gustavo era minha vida’ 

A avó materna de Luiz Gustavo, Edinalva Martins Santos de Souza, conta que era muita apegada ao neto. “O Gustavo era minha vida, ele dormia comigo toda noite. Ninguém imaginava que o Carlos ia fazer uma maldade dessas com o menino”, afirma. Ela acredita que o jovem tenha matado o garoto para atingir sua filha. “Eu queria só olhar na cara dele e perguntar por quê? Era o único filho homem que ele tinha”, diz. “O que mais dói na minha alma, e essa dor não vai ter fim, é que ele torturou o meu menino”.

Relembre o caso

Luiz Gustavo foi levado pelo pai inconsciente ao PS de Reginópolis na tarde de quinta-feira e, de lá, transferido para a Santa Casa de Iacanga, onde chegou morto. Como havia suspeita de maus-tratos, a polícia foi chamada e tentou ouvir o pai, mas ele acabou fugindo.

Laudo do IML revelou que o garoto foi agredido e queimado com cigarro. Ele teve o fígado perfurado, hemorragia interna e edema cerebral, com parada cardiorrespiratória, causado por traumatismo. A ocorrência foi registrada como homicídio e tortura.

 

POR: Jcnet


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