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12/09/2017
Garça 

IMPRESSÕES DE VIAGEM DE TURISTA DESLUMBRADA (7)

"Poscia rivolsi li occhi a li occhi belli." (Dante Alighieri, Divina Comédia, III, XXII, 154) "Conto de fada existe? Sim. Minha inesquecível viagem!" (Judite Zago Santoro)

Na matéria anterior (6), deixamos nossas turistas no hotel onde sonharam por certo com a viagem à Suíça, minha cara Judite, para onde vocês partiriam no dia 19.07.2907, uma quinta-feira, pela manhã, rumo a Lugano. E você anotou na sua pequena Agenda Escolar: “Adeus, Milão! Encanto...Hoje vai ser um dia complicado: pegar barco, pegar trem. Vamos pegar o barco e ir até a ilha de São Júlio. Depois continuaremos de ônibus até outra cidade, depois até Lugano em território suíço...depois pegar um barco. Muitos católicos e na ilha (deu-se) o primeiro milagre de Júlio – o mar foi embora e desapareceu. Dizem que tem maus espíritos. Os romanos acreditavam em deuses. Cidade pequena. Ilha cercada por montanhas e casas nas montanhas. Uma igreja linda.”

            Apontamentos minuciosos no diário da Judite: “Agora vamos pegar o trem. Do trem pegamos o barco. A ilha é maravilhosa, as casas altíssimas, todas de pedra. Fomos à igreja de São Júlio Alexandre. É linda, embaixo fica o túmulo dele. O campanário começou a tocar lá da torre altíssima com vários sinos tocando ao mesmo tempo. É maravilhoso. Eu chorei pensando em vocês aí! O banheiro é do século 4º. O poço é igualzinho àquele em que Jesus e a samaritana se encontraram. É lindo. As casas altas todas de pedra. Casas e igrejas nas montanhas e as ruas estreitíssimas e escuras. Muito belo e diferente. Agora estamos no trem voltando para o ônibus É só correr. Agora do ônibus vamos pegar um barco...” Pelo registro se vê como tudo é corrido.

            Continuam os apontamentos: “Agora estou contemplando o mar e as montanhas lindíssimas, os barcos, navios, e que tem cinco ilhas que estou vendo. Beleza demais. As cinco ilhas foram de São Carlos que as comprou para difundir o catolicismo...Para ver duas ilhas 9,50 euros de barco. A Pina e a Cidinha (minha Irmã e minha sobrinha) foram, eu estou aqui só contemplando.” E mais conformada continua: ”Está valendo a pena!” E em seguida, apavorada: “Tenho medo que o dinheiro acaba, porque nenhum passeio aceita o cartão (de crédito internacional), aqui nem para comer. Agora são 3h30 da tarde, estamos indo para a Suíça. Na fronteira vamos dormir e depois vamos para Locarno. Já passamos (a fronteira). Só tem montanhas, mar e casas na montanha...”

Já na Suíça a turista anota: “Um país pacífico depois da guerra entre religiões.” Em seguida, a atenta Judite se esforçou por reproduzir às pressas as informações históricas dadas pela guia ao grupo (serviço militar, segunda guerra, os judeus da Europa, indústrias farmacêuticas). Muita informação de uma vez a atrapalhar o registro. Voltemos, porém, às impressões pessoais da viajante: “As montanhas são maravilhosas...Agora vamos para Locarno, já vamos parar no Hotel.” Observadora que era, ela registrou o seguinte: “Lelé, até na Suíça tem a flor da Espirradeira (lembrando da flor que em Garça eu cantei em versos)... As plantações no plaino (têm) pouco espaço. E tudo cercado por montanhas. No frio fica coberto de neve. Que lindo! Deve fazer um frio de doer.”

E continuou assim: “Lelé, estamos no Hotel. Amanhã cedinho sairemos para a Itália (Verona). Estou ansiosa para ver a casa de Romeu e Julieta. Vamos ver se é igual à do quadro que pintei (para um amigo que visitara Verona). Abraços e beijos, vou tomar banho e dormir. Temos que acordar cedo. Agora são 8 horas da noite. Aqui é dia até às 9h30 da noite. Buona notte.” E assim terminou a quinta-feira. Apesar das dificuldades com o cartão, a boa Judite, ao longo da viagem de sua vida não parou de observar e anotar tudo na caderneta. Assim, no dia 20.07.2007, uma sexta-feira, logo cedo, eis o que ela escreve: “De manhã. Bom dia. Lelé querido e amor meu, estamos no ônibus para ir a Gênova. Agora vamos pegar o barco para ver o lago Lugano.”

E continua, animada: “Depois iremos de ônibus para entrar na Itália...Depois de Verona iremos para Veneza. Do ônibus já se vê a lagoa, e as montanhas, casas e igrejas no cimo das montanhas. É muito lindo. A cidade fica no meio. Aqui no frio é só neve. Do barco é a coisa mais linda que já vi. O lago é cercado por altíssimas montanhas e a cidade toda à volta, até nas alturas é uma beleza admirável. Descemos do barco e fomos à cidade, muralhas, ruas estreitas, todas de pedra...É maravilhoso. Agora estamos no ônibus. Adeus, Suíça! Agora vamos para Bérgamo. Vamos entrar na Itália. Lelé, até aqui na Suíça tem muita Espirradeira, lindas, cheias de flores...Em Bérgamo vamos tomar um teleférico. Próxima parada.”

E eis o que ela registra depois: “Tenho medo, Lelezinho. Lelé querido, pela primeira vez estou vendo umas nuvens, porque até agora o céu estava todo azul, sem nuvens, muito calor. Saímos da fronteira da Suíça. Agora é Itália...Os túneis longos dentro das montanhas. Chegamos à cidade de Bérgamo entre as montanhas e colinas. Região da Normandia”. E aí ela descreve o que a guia vai explicando sobre a história do lugar desde antes de Cristo...”Vamos para o teleférico, podendo entrar 40 pessoas. A entrada da cidade com muralhas de pedras enormes. Nas alturas prédios imensos com arcos bordados, muitas flores Espirradeiras, igrejas. É de encher os olhos. Lindo! As ruas sempre bem estreitas. Agora estamos no ônibus. São 15h30. Vamos para Verona.”

E a turista deslumbrada continua: “Depois para Veneza. Vamos chegar á noite a Veneza e vamos para o hotel dormir. Cansados. Muito calor. Verona, cidade mais bonita; para outros, Veneza. Estamos chegando a Verona, cidade dos amantes Romeu e Julieta.” E é então que você, minha cara Judite, que Deus tenha, começa a descrever, certamente proferida pela culta guia, a história política das duas famílias que redundou na tragédia da morte dos dois amantes. Depois registra: “Há quem diz conservar-se a casa de ruínas. Ruas lotadas de comércio. Praça da Signoria muito linda. A estátua de Julieta com o busto desgastado porque todos tocam. Verona é maravilhosa com seus arcos de pedra altíssimos, muralhas de pedras enormes...os prédios de pedra imponentes.”

Enfim cumpriu o que sempre sonhou: “Fui à casa de Romeu e Julieta igualzinho o que pintei (como dito acima). Linda. O museu – altura imensa de pedra. E o teatro que antigamente era a arena. Todo de arcos e pedras, coisa mais linda. É do 1º século antes de Cristo Agora é Teatro de Óperas. A cidade é grande e tem muito e muito turista. Adorei. Agora estamos no ônibus. São 7h30 da noite. Estamos indo para Veneza e vamos para o Hotel. Amanhã vamos conhecer e andar de gôndola. Chegamos no hotel de Veneza às 10h30 da noite. Estamos exaustas, muito cansadas, mas vale a pena. É tudo lindo demais. Nas estradas vi muitos castelos...Amanhã vamos ver a igreja de São Marcos e os ossos dele estão na igreja...Vou dormir.” Deixemo-las a sonhar com Veneza.

(CONTINUA)

LETTERIO SANTORO – 10.09.2017

Membro da APEG (Associação de Poetas e Escritores de Garça)

 


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