"Não vi a chegada dos pioneiros Mas senti o bafejar de seus ventos Cresci feliz e despreocupada em seus terreiros Amadureci e participei de seus eventos." (Marta Sartori, in Cancioneiro Garcense - “ 1º Vol.)

“Não vi a chegada dos pioneiros

Mas senti o bafejar de seus ventos

Cresci feliz e despreocupada em seus terreiros

Amadureci e participei de seus eventos.”

(Marta Sartori, in Cancioneiro Garcense – 1º Vol.)

 

De repente

no silêncio do Museu

ouço vozes de meninos e meninas.

Eram alunos do primeiro ano

da EMEIEF “Sílvio Sartori”,

acompanhados da professora,

a fim de conhecer lembranças dos pioneiros

no prédio outrora, também, escola de crianças.

 

Vieram da zona rural de Garça,

onde viveu e trabalhou,

nos longes anos quarenta do século vinte,

o imigrante italiano José Sílvio Sartori

e família, para plantar o café

e se tornar, ele autodidata, pioneiro do ensino

contra o analfabetismo

e patrono de escola pública.

 

As crianças ali

talvez desconhecessem a história linda

do patrono de sua escola: como ele

construiu grande sala na própria casa

e à noite reunia jovens de sítios vizinhos

para estudar a língua portuguesa

e a matemática à luz do lampião,

depois de um duro dia de trabalho.

 

Precedidos no Museu

e acompanhados por anjos-funcionários

lá se vão os contidos infantes

a visitar salas, a ouvir histórias,

a ver móveis, e fotos, e máquinas,

e arquivos de jornais e documentos,

e granadas de 32, e viram-me a mim

a pesquisar poemas.

 

E, enquanto enfim

voavam pelo distante passado,

ouviam a estranha voz do vento

pelas frestas das janelas

a sibilar histórias de outra eras

incompreensíveis para elas,

como a dizer que tudo morre,

com exceção do amor.

 

LETTERIO SANTORO – 01.09.2017 – NA SEMANA DA PÁTRIA

Membro da APEG (Associação de Poetas e Escritores de Garça)

 

Membro da APEG (Associação de Poetas e Escritores de Garça)

 

 

 

 

 

 

 

 

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