Fábio Dias
13/11/2023
Garça 

Praga da laranja: Governo de SP retira mais de 9 mil mudas irregulares de circulação em Herculândia

De sete locais fiscalizados em Herculândia, quatro continham mudas sintomáticas para a doença chamada greening, que atinge pomares no estado

 

Na semana passada , o Governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) e de sua Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), retirou de circulação mais de 9 mil mudas de citros irregulares em Herculândia, na região oeste do Estado de São Paulo. A operação envolveu equipe técnica da CDA, que contou com apoio da Polícia Militar Ambiental e terminou na sexta-feira (10). No total, sete locais foram fiscalizados e, destes, quatro continham mudas cítricas sintomáticas para a doença chamada greening. Essa praga é a que mais ameaça a produção de laranja em todo o mundo, atinge todos os tipos de plantas cítricas e não tem cura.

A legislação em vigor estabelece medidas de defesa sanitária vegetal para coibir o comércio ambulante de mudas em São Paulo, em decorrência dos graves danos econômicos às lavouras e pomares comerciais que a prática gera. A Coordenadoria de Defesa Agropecuária ainda conduziu trabalhos de educação sanitária na região a fim de orientar os produtores.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, anunciou no mês passado a criação de um comitê para tentar conter o avanço do greening em reunião com o setor da citricultura, no Palácio dos Bandeirantes.

O secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai, enfatiza que as fiscalizações vão ocorrer de forma sistemática como uma das frentes de combate ao greening em São Paulo e reiterou o compromisso com o setor.

“A citricultura representou US$ 1,54 bilhão em exportações para a economia de São Paulo até o mês de outubro, sendo o quinto colocado entre os mais exportados pela agropecuária paulista. Temos um compromisso de garantir segurança ao citricultor do Estado”, completou Piai.

 

 

O greening

 

Doença que mais ameaça a produção de laranja em todo o mundo, o greening atinge todos os tipos de plantas cítricas e não tem cura. Essa praga é causada por uma bactéria e disseminada por um inseto, chamado de psilídeo. Ou seja, uma vez contaminada, não é possível eliminar a bactéria da planta, que por sua vez serve de meio para o psilídeo infectar outras espécies do pomar.

Diante disso, o Governo de São Paulo trata o controle do greening como prioridade e está adotando uma série de ações para controlar a praga.

A gestão estadual lançou recentemente um canal de denúncias para produtores que identificarem a praga em seus pomares.

“Há um alto índice de desenvolvimento da praga principalmente em pomares abandonados e pomares caseiros. Muitas vezes, temos ali no fundo do quintal um pé de laranja ou de qualquer outro cítrico e, às vezes, esse pé é um foco da doença e de contaminação para outros pomares, principalmente os comerciais”, afirma o coordenador das Câmaras Setoriais e Temáticas da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, José Carlos de Faria Jr.

De acordo com o Fundo de Defesa da Citricultura, o Fundecitrus, associação privada mantida por citricultores e indústrias de suco do estado de São Paulo, embora o greening tenha sido encontrado pela primeira vez na Ásia há mais de 100 anos, ele foi identificado no Brasil apenas 2004. Hoje, a doença está presente em todas as regiões citrícolas paulistas e em pomares de Minas Gerais e Paraná, além de países da América do Sul e Estados Unidos.

O controle do greening é de extrema importância para o agronegócio de São Paulo, que é o maior produtor de laranjas do país. Segundo a Fundecitrus, a citricultura paulista exporta dois bilhões de dólares por ano. São cerca de nove mil e seiscentas propriedades que geram duzentos mil empregos no estado.

 

 

Controle e características

Para evitar que a praga se alastre, é preciso que haja o controle do psilídeo por parte dos produtores. Esse controle pode ser feito por meio do rodízio de defensivos agrícolas utilizados, por exemplo. Outra necessidade é a erradicação de plantas até oito anos contaminadas com a bactéria.

Ao serem afetados pelo greening, os pés de laranja mais novos não conseguem produzir os frutos. Já os pés adultos sofrem uma queda prematura dos frutos e acabam definhando ao longo do tempo.

O primeiro sintoma do greening é o surgimento de folhas amareladas e com manchas irregulares, sem simetria entre as duas metades. As folhas afetadas também tendem a cair e dar lugar a novas brotações pequenas e na posição vertical. Em alguns casos, a nervura da folha fica grossa e mais clara, podendo também adquirir uma textura áspera.

Já as laranjas de pés infectados pela bactéria não amadurecem normalmente e ficam com uma coloração verde clara manchada, deformados e pequenos, caindo do pé precocemente. (Foto reprodução internet)


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