
Recordar é Viver: "Nelson Ichisato, o presidente da Quintadinha, `O Pai das Cerejeiras´"
Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Uma das grandes paixões em termos de diversão do Sr. Nelson Koske Ichisato era o futebol. Sempre foi um fanático torcedor do Corinthians e do Garça FC. O Corinthians ele ouvia num radinho de pilha, marca Mitsubishi. O Garça não perdia um jogo no “Platzeck”, um torcedor ilustre. A maior das paixões foram as cerejeiras, que ele plantou, cuidou com muito carinho e amor no lago artificial. As árvores cresceram e floriram num clima tropical, contrariando todos os prognósticos.
Nos anos de 1978/79, o “Seo” Nelson foi o presidente de honra do time de futebol de salão (hoje futsal) da Quitandinha, o então “esporte da bola pesada”. O presidente da diretoria ficou para o filho, Milton “Nao” Ichisato.
O nome Quitandinha vem do estabelecimento comercial do “Seo” Nelson, que ficava localizado no interior da antiga estação rodoviária, próxima à Farmácia São Judas Tadeu, do corintiano Tadeu Vizotto. Especializada em suco de laranja, vitaminas, balas e chocolates, frequentada por muita gente, especialmente os jovens casais enamorados, ávidos por assistir um filme no Cine São Miguel, que ficava ao lado.
Quanto ao time da Quitandinha, tinha um elenco de bons jogadores da cidade. Praticamente jogavam por música e era turbinado por laranjas. Antes, durante o intervalo e depois dos jogos, o “Seo” Nelson fazia questão de mandar saquinhos de laranja, todas descascadas, para os jogadores se hidratarem, e ganhar aquele fôlego a mais. E isto dava resultado. No ano de 1978, a Quitandinha terminou na segunda colocação, perdendo a final para o Escritório Cruzeiro. No ano seguinte voltou com tudo e terminou como campeã, atropelando todos os adversários. Dois detalhes: este colunista contundido, assumiu o comando técnico do time. De quebra, o ala Joatan foi escolhido como o melhor jogador do campeonato.
Recordamos uma das formações da Quitandinha, posando no Ginásio “Wilson Martini”. Em pé, da esquerda para direita: Micuim, Túlio Calegaro, Joatan, Mário Funakawa, Tico (técnico), Nao Ichisato (presidente) e Wilson Cirilo (dirigente); agachados: Ridê, Carlinhos Gino, Nôzinho, Edson Tercioti e Rôla Cassola.
No outro flagrante, depois de 45 anos, o encontro na última quarta-feira (26 de junho) de três campeões pelo time da Quitandinha. Da esquerda para direita: Joatan, Nao Ichisato e Tico. Só o Joatan mudou de nossa cidade, está morando em Campo Grande/MS. Aproveitou uma folga para prestigiar o Cerejeiras Festival e rever familiares e amigos.
O PAI DA CEREJEIRAS
O Sr. Nelson Kosche Ichisato, é reconhecido como o “Pai das Cerejeiras”. Nascido no Japão, na cidade de Oshima-Yamagutiken, chegou em Garça para não sair mais. Para resgatar suas origens e matar saudades da `Terra do Sol Nascente´, no ano de 1979, decidiu plantar 110 mudas, da espécie Serrula Tamque, ao redor do lago. As mudas foram adquiridas na cidade de Campos de Jordão e cuidadosamente preparadas pelo “Seo” Nelson. Chegou a ser questionado, pois o clima de Garça não seria propício. Porém, pacientemente, todas as manhãs ele estava lá, acreditando numa florada. Com um balde pegava água no lago e com aquela paciência oriental regava planta por planta.
As árvores foram crescendo. Uma forte chuva quase pois tudo a perder. Mas, persistente, não desanimou. Adquiriu mais plantas e não cansava de afirmar: logo virá uma florada, podem acreditar. O principal adubo: o amor que nutria pelas cerejeiras (sakura). No ano de 1986 aconteceu a primeira festa. Depois não parou nenhum ano, foi crescendo cada vez mais.
Hoje é uma realidade, uma das maiores festas da cerejeira no mundo, realizada fora do Japão. Conseguiu tamanha projeção a ponto de ser considerada um dos maiores eventos paulistas voltados para a cultura oriental. Também faz parte do calendário estadual de eventos desde o ano de 1.992. Esta será a quinta festa sem o seu principal idealizador, que faleceu no dia 7 de junho de 2019.
Mas deixou um legado que jamais será esquecido pelos garcenses. Por tudo isto e muito mais, o “Seo” Nelson, presidente da Quitandinha, `O Pai das Cerejeiras´, ficará para todo o sempre, incrustado na ternura e na sinceridade do nosso cantinho da saudade.
Nas redes sociais
Nas redes sociais a lembrança trazida por Tico Cassolla (como sempre), rendeu muitos e bons comentários.
Alguns internautas, amigos e conhecedores da história, comentaram sobre o “Recordar é Viver” de Tico Cassolla.
“Como é bom ler e recordar dos bons tempos de uma Garça, que ficou no passado, da velha Rodoviária, onde em se interior tinha um estabelecimento comercial, a Quitandinha , do Sr. Nelson Ichisato. Apaixonado pela “ Flor do Japão “ e apoiado pelo então prefeito Assis Bosque, começou a plantar e tratar das primeiras mudas , e com o passar dos anos, formou esse jardim em volta de lago, tão admirado pelos garcenses e turistas que o visitam! Parabéns aqueles que cuidam e preservam até hoje esse jardim , de flores exóticas do País do Sol Nascente !”, postou Valter Pedral, sendo parabenizado por
Luiz Roberto L Souza
“Valter Pedral Muito bem colocado. O prefeito Assis Bosque apoiou a ideia do Sr. Nelson e a prefeitura fez a aquisição das mudas, o transporte e o plantio sob a colaboração e supervisão do Pai das Cerejeiras”, disse Souza em sua publicação
Comentários
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