Comunicação ACIG
07/07/2025
Garça ACIG 

Empresas enfrentam escassez de mão de obra e falta de comprometimento

A dificuldade em encontrar mão de obra qualificada — e, sobretudo, profissionais realmente comprometidos — tem se tornado uma queixa generalizada entre empresas de todos os portes e segmentos.

“Estamos vivendo momentos difíceis”, afirma o empresário, Mauro José de Sá, ao comentar o perfil da chamada geração Z (nascidos entre 1997 e 2010). Para ele, o cenário atual revela uma escassez de técnicos, o predomínio da informalidade entre pessoas sem qualificação, e um mercado em busca de novas estratégias para atrair jovens talentos.

Dados de pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e do Senai-SP apontam que o trabalho formal — com carteira assinada — tem perdido força como símbolo de estabilidade e crescimento. “É um momento novo, de aprendizagem. Hoje, não é mais o salário e a carteira assinada que atraem. O colaborador precisa sentir sua importância no processo dentro da empresa”, destaca Mauro Sá.

O mercado de trabalho paulista está aquecido: a taxa de desemprego no estado é de apenas 6,2%, o menor nível de desocupação desde 2012. Ainda assim, atrair mão de obra qualificada virou um grande desafio para indústria e comércio.

Segundo a pesquisa, apenas 11% dos jovens hoje optam pelo setor privado — metade dos 24% da geração anterior. Em contrapartida, 58% dos entrevistados sonham em trabalhar por conta própria (ante 45% dos jovens da geração anterior). Para 67%, “o trabalho com carteira assinada deixou de garantir estabilidade e segurança”; 64% afirmam que o emprego formal “oferece pouca flexibilidade entre vida pessoal e profissional”.

Essa escassez de profissionais não se restringe à indústria: também atinge o varejo, os serviços e o setor de tecnologia. Flávio Peres, vice-presidente do Ciesp Marília, comenta: “As pessoas não mudaram. As necessidades continuam as mesmas. O que mudou foi a tecnologia e, como consequência, a forma de olhar para os jovens talentos. É necessário trazer os jovens para conhecer o mercado de trabalho, imergirem na indústria, para que se encantem e se despertem para o futuro”.

No comércio, o reflexo também é contundente. “Encontrar mão de obra, com ou sem experiência, que corresponda ao requisito de comprometimento virou um grande desafio. Daí a necessidade de as empresas ofertarem, além do salário, um ambiente que possibilite crescimento, desenvolvimento e que valorize o colaborador”, reforça o presidente da ACIG, Fábio Raniel.

Fenômeno global

Basicamente, a falta de mão de obra é um fenômeno global que atinge tanto países emergentes quanto os desenvolvidos. “Existe o estreitamento entre oferta e demanda, que passa por fatores estruturais como a capacidade da força de trabalho e pela mudança das demandas”, disse o coordenador de Políticas Sociais e do Mercado de Trabalho do Institute of Labor Economics (IZA), Werner Eichhorst.


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